Nas últimas quatro temporadas do futebol sul-americano, dois clubes brasileiros dominaram o principal campeonato continental, a Copa Libertadores da América. Desde a temporada de 2019, esses dois clubes vem demonstrando uma força muito acima de seus adversários.
Após a conquista do Rubro-Negro em Lima, no Peru, o futebol brasileiro engrenou em uma constante evolução. Essa afirmação pode ser explicada quando relembradas os últimos mata-matas da competição.
Em 2019, ano em que a hegemonia de Flamengo e Palmeiras começou, na fase oitavas de final o Brasil contava com seis representantes: Cruzeiro, Athletico-PR, Palmeiras, Grêmio, Internacional e Flamengo.
A final do torneio foi disputada entre o time carioca e o River Plate, que foram protagonistas de uma das finais mais emocionantes da história da competição. Desde então, todas as finais da Libertadores foram disputadas somente entre times brasileiros.
Veja o retrospecto a seguir:
- Final de 2020: Palmeiras X Santos;
- Final de 2021: Flamengo X Palmeiras;
- Final de 2022: Athletico-PR X Flamengo.
Esse domínio do futebol brasileiro tem incomodado os demais países membros da competição, que culpam o excesso de dinheiro pela falta de competitividade. Porém, a verdade é que Flamengo e Palmeiras não chegaram aonde estão da noite para o dia.
Muito pelo contrário, a fase que estes clubes viveram nos últimos anos são resultados de um longo período de planejamento e gestão esportiva. Relembre agora como começou a construção da época de ouro de Flamengo e Palmeiras.
Da quase falência para seleção de estrelas
O ano era 2012, o grande nome do elenco era Ronaldinho Gaúcho, torcida inflamada com o momento atual do clube e brigas constantes contra a diretoria. Desde 2009, as temporadas do time carioca consistiam em tentar fechar o ano com o menor déficit possível.
As coisas começaram a mudar no ano seguinte com a chegada da nova diretoria, que fez uma afirmação para a torcida de que os próximos anos seriam difíceis, mas que seriam recompensados no futuro.
Nas temporadas de 2013 até 2016, o Flamengo sofreu muito em campo, era visto como time de pelotão intermediário e até mesmo já foi cogitado como candidato a rebaixamento. Entretanto, tudo isso estava acontecendo por um motivo, o reajuste financeiro, que foi concluído com sucesso.
No início de 2017, o Rubro-Negro começou a montar aquele que seria o elenco das estrelas. As contratações de Éverton Ribeiro e Diego fizeram com que o Flamengo subisse de patamar.
Nessa temporada, o time ficou com o vice-campeonato da sul-americana e da Copa do Brasil, um balde de água fria para os torcedores, mas um sinal de esperança para os otimistas. Em 2018, o time bateu na trave mais uma vez após ficar em segundo lugar no Brasileirão.
Até que em 2019 o Flamengo ficou pronto para investir e se tornar a grande potência. O clube investiu pesado e contratou grandes nomes como Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Giorgian de Arrascaeta, Rafinha, Felipe Luis, Rodrigo Caio, Pablo Mari, e claro, o Mister Jorge Jesus.
Esses nomes fizeram uma das maiores temporadas que um clube brasileiro poderia fazer, conquistou a Libertadores da América e o Campeonato Brasileiro no mesmo fim de semana, além de jogar em alto nível na grande decisão do mundial de clubes.
Salvação de Palmeiras por Paulo Nobre mantimentos de Leila Pereira
Se atualmente o Palmeiras é tricampeão da Libertadores, um dos maiores campeões do Brasileirão e conta com um dos melhores elencos do país, muito se deve ao Paulo Nobre. O ex-presidente fez parte da história do Palmeiras no início de 2013 e permaneceu no cargo até 2016, saindo como ídolo do clube paulista.
Em sua primeira temporada como presidente, Paulo teve a difícil missão de fazer com que o Alviverde retornasse para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Ao fim da temporada, missão bem sucedida e novas ambições para a próxima temporada.
Como já era esperado, o clube lutou muito para a sua permanência na primeira divisão, que só foi decidida na última rodada do campeonato. Passada a temporada de retorno, o Palmeiras de Paulo Nobre vinha com planejamentos para voltar a brigar por títulos, o que poucos esperavam é que eles rapidamente chegariam.
Em 2015, o Alviverde se sagrou campeão da Copa do Brasil batendo o Santos nos pênaltis. O elenco do Palmeiras já contava com grandes nomes como Dudu, Fernando Prass, Zé Roberto e Valdivia.
O título fez com que os planejamentos de Paulo Nobre se concretizassem mais cedo, mas foi graças aos investimentos de Leila Pereira, presidenta da Crefisa, que o Palmeiras mudou de patamar.
Em 2016, a Crefisa completou um ano de patrocínio ao clube, e foi após o título da Copa do Brasil que Leila começou a olhar para o futebol Alviverde com outros olhos. A empresa investiu pesado no clube e construiu o elenco que se tornou campeão brasileiro ao fim da temporada.
O ano também marcou a saída de Paulo Nobre como presidente, que havia se tornado um verdadeiro herói para os torcedores. Sua substituta foi Leila Pereira, que permanece no cargo até os dias de hoje.
Leila fez jus a gestão de Paulo e continuou evoluindo o clube. O Palmeiras conquistou mais alguns títulos até a chegada de 2020, o ponto chave para a história do Alviverde, o momento em que chega, de Portugal, Abel Ferreira.
A chegada do técnico português fez com que o clube paulista se tornasse um exemplo tático a ser seguido. Ao mesmo exemplo que o Flamengo de Jorge Jesus, o time de Abel dominou quase todas as competições que disputou, conquistando a Libertadores duas vezes seguidas, uma diante do clube carioca.